outubro 16, 2005

The Lurker´s Guide to Hispania (ou pela hispânia-gálica, if you will)

A propósito de uma viajante, que vai passar uma temporada na Península Ibérica vamos a uma rápida passagem pelas terras da Espanha, shall we? Estive por lá pela primeira vez, pelos idos de 1990, retornando duas vezes depois disso em 95 e 98. Indo do sul para o norte, pude ter uma idéia clara das diversas "comunidades autônomas" como eles gostam de se chamar. Sim, a Espanha são cinco "países" dentro de um só (Castilla, Léon, Aragón, Cataluña e País Bazco), seguindo um tanto a linha que os suíços implantaram, só que não é uma federação.

Primeiro alerta: NÃO voe Ibéria. Atravesse o Atlântico a nado, volte na caravela de Colombo, mas NÃO voe Ibéria. A companhia é muito ruim, não somente por ser estatal, mas porque a manutenção das aeronaves é uma coisa lamentável. A comida é intragável e o tratamento é... bem... depois não diga que não avisei. Na dúvida, vá de TAP ou de Alitália que tem promoções interessantes, incluindo até descontos em aluguéis de veículos e coisas assim.

Então, como disse, vindo do sul para o norte, uma das localidades mais interessantes, sem dúvida, é Mallorca. Esta é uma das ilhas Balleares, que junto com Minorca, Formentera e Ibiza formam o quadrilátero de ouro do Mediterrâneo catalão. Das três a mais conhecida é Ibiza, por conta das posturas, digamos, liberais da população e, em particular, da pouca roupa com que os turistas circulam em suas praias. Ibiza é sinônimo de verão, gente bonita, noites sem fim e muito, muito dinheiro. As ilhas são famosas desde a antiguidade e envoltas em mito: teria sido lá que Hércules encontrou o jardim das Hespérides, aonde foi atrás dos famosos pomos de ouro e motivo pelo qual teria sustentado o peso do firmamento para que Atlas pudesse resgatar o que, no fim das contas, eram tão somente laranjas - e é por isso que as ilhas são tão ricas em cítricos. Mas chega de trívia.

Como quase tudo na Espanha, as Balleares são um território eivado de regionalismo e, da mesma forma que se observa no continente, possui inclusive seu idioma particular - dito mallorqui. O dialeto é bastante próximo do catalão e vale a pena tentar absorver alguma coisa. Vale a pena aprender algumas expressões idiomáticas para demonstrar interesse pela cultura local: como a maioria dos espanhóis, eles são muito ciosos de suas raízes.

As ilhas foram invadidas e ocupadas por quase todo mundo: romanos, bizantinos, mouros, vândalos, ingleses, you name it. Então esteja preparado para um mélange arquitetônico de fechar o comércio. E para uma vida cultural muito intensa, em especial à noite. Neste particular, uma casa noturna que merece sua visitação é a Pacha, que com seus três andares e diversos ambientes consegue ser bastante eclética. O lounge mais interessante é o que fica no segundo andar. A varanda também é especial - um refúgio para o calor de dentro. O serviço é de primeira mas os preços são escorchantes, não se assuste com os nove euros por um red label. Quase caí duro... literalmente.


A boa notícia é que sua carteira de motorista brasileira serve para dirigir na Espanha (pelo menos servia até 98). Vá em frente e alugue um Fiesta ou Mégane que compensa. Como você pode ver, as rodovias são poucas, mas um tanto concorridas. E o trânsito espanhol é quase tão ruim quanto o de São Paulo, de maneira que não deve lhe causar grande desconforto. Contudo, os locais são mais rudes no trato com os estrangeiros. Então, os pontos para visitar fora dos centros são: Valldemossa, Cartuja, e Ses Murteres (todos na seqüência da via C-710), Las Cuevas Del Drach, a Catedral e o Castell de Belver (muitas histórias de templários por aqui).

In a nutshell:

1) O que comprar: pérolas "fabricadas" Majorica. Fique atenta à qualidade e a esta marca específica. Existem outras similares, mas não caia na tentação: vende-se coisa de baixa qualidade e você só vai descobrir depois... bem depois. Valem também artigos de couro mais ao norte da ilha. E não deixe de parar em uma das diversas caves que fazem degustação de licor.

2) O que comer: Restaurante Ses Porxeres oferece cozinha típica da Catalunha - servem igualmente carne de caça. Mais elegante e um tanto pretensioso tem-se o Parlament - experimente o risoto de lagosta.

3) Onde dormir: Palas Atenea Hotel Mallorca Island - um quatro estrelas bem decente, com preços razoáveis e bom atendimento. Peça um quarto voltado para a praia e você não se arrepende.

The Lurker Says: Cataluña més que mái!